Wednesday, December 02, 2009

EXISTIR ECOANDO AZUIS

Marinho, celeste, azuis tão inconstantes... Não esse azul prático, laqueado e sem sombra na pintura dos automóveis. Não o pigmento primitivo e simples no tecido do verão, mas os falsos azuis. Azul da delicada estrela azulada que Gagarin viu primeiro na minúscula escotilha da Vostok (cujo nome a sabedoria popular imortalizou numa miríade de circos com trapezistas solteiras e palhaços tristes). O vago azul da nebulosa Crab, abismo de poeira e gases no espaço infinito, profundo azul marmóreo ecoando na superfície lunar, azul intangível na carne do peixe, cuja resistência mansa Mario encontrou na presença da amiga, sensual sem sexo. Um dia, num futuro não muito distante, talvez definitivamente, o sexo será azul. Como azuis restaram as madrugadas, no oco da memória, depois de uma viagem muito longa num ônibus todo azul, pouco antes do primeiro sol cruzar o céu de Itaperuna, em vias de azular, e o medo que trago comigo de jamais tornar a vê-las. O medo, cuja textura, aliás, também é azul.

1 Comments:

Blogger Everardo de Andrade said...

Meu Deus!!! Que lindo! Correu um arrepio por todo meu corpo numa manifestação de alegria e emoção. Azul é minha cor preferida. Vc é meu poeta mais amado. Obrigada por escrever assim tão lindamente, azulando meus dias... Beijo. Clair.

8:03 AM  

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