EXISTIR ENTRE VIOLETAS
Que cor meus olhos procuram na cor violeta, para quem convergem menos tristes, feito olhar mais comprido, que direção partilham no osso do esquecimento? Violeta que é cor e flor, textura e perfume, adorno improvável naquelas tardes quentes do grupo escolar, a professora ainda tão jovem, tão franzina, sempre de pé! A turma atrevida, só de meninos, desafia e sustenta olhares. Meus olhos erram, e de má conduta encontram, sabem-se lá porque erros, aqueles minúsculos caminhos de sangue sob a superfície branca de suas pernas. Mergulhando em direção aos pés, prosseguindo no que se imagina para além da barra do vestido, quase imperceptível (não fora arteiros e curiosos olhares que procuram...), aquela floração de violetas sutis que demora alguns anos para vir, depois não cessa jamais de florar. Numa tarde daquelas, outra professora de castellana pele e autoridade, numa cidadezinha qualquer, aprendera La Violetera no rádio antigo, sob entusiástica e imaginária aprovação de Sarita Montiel, que lhe atira de intangível distância um pequeno ramo de violetas naturais.
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