EXISTIR EM SÉPIA
As coisas tiveram seus usos antes do estado em que agora se encontram. As pessoas consumiram-se em vivências e histórias, grandes ou mesquinhas. Os lugares também, habitados ou dispostos ao sabor de incertas ocupações. Os velhos foram jovens outrora, cometeram tolices, disseram bobagens com seriedade e suspense e emoção. Os lugares, só porque foram ocupados algum dia, ocultam secretamente um grampo na fresta do assoalho, a antiga moeda submersa na poeira junto ao rodapé, uma carta de santo com a efígie para baixo, do outro lado a oração que evoca os poderes de sua interseção precisa na ordem do divino. Os que vêm depois inventam outra ordem para os lugares e suas coisas, nesse meu caos pessoal. Envelhecer é uma viagem sem volta à estação nostalgia.
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