Monday, January 14, 2008

BLITZ

O sol custou a render-se
ao mar de Atafona
Também queria assistir a Blitz
e no aço do espelho da tarde
refletir seu se-pôr

O verão no balneário é sempre assim,
uma densidade escura de peles,
as águas procurando o verde
e uma claridade só
de horizonte
sem nuvens
O Paraíba fica logo ali, na curva
do vento,
o Paraíba, rio
que o mar não dobra,
que tinge todo de si a resignação
morena das ondas

Os músicos nunca esperam
a gente, mais que o mar de Atafona
Serão Índios?
Serão Quilombolas?
Caras-pálidas, sinhozinhos
e sinhás necessitam de filtro 50
de proteção
e querem tocar o público,
querem fotografias,
chapéus, bugigangas, souvenires
de lembrança
Dirão depois que estiveram bem
ali onde outrora existiu
o Pontal

A Blitz assistia a tudo,
quem viu viverá
O sol se recusa baixar a cena,
comovido e talvez um pouco alto,
o sol, no ritmo da Blitz,
batendo breve
seu tambor

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