UMBIGO DO MUNDO
E se o umbigo do mundo fosse cada coisa que existe, a que nos prenderia ou do que nos privaria? Se o umbigo do mundo fossem os pés, que caminhos percorrer descalços, que passos andar, meditando em silêncio, ou tal como Alice interrogando o gato, perguntar Que caminho devo seguir para sair daqui? E se o umbigo do mundo fossem as unhas? Haveria grande virtude no retirar as farpas e no espremer espinhas, e grande desprezo no cuspir as lascas arrancadas pelos dentes. E se o umbigo do mundo fossem as orelhas? Para esquecer aparelhos vermelhos, auscultar pulsos de pássaros, instalar internet e telefones mudos. E se o umbigo do mundo fosse a lágrima? A lágrima que, disse Mia Couto, Nos universa, nela regressamos ao primeiro início (a primeira lágrima da primeira dor e do primeiro sorriso). O umbigo, se fosse o umbigo do mundo, nunca que dele se perderia o vagido da terra mãe no instante em que se corta e dele se solta e se perde. Do que se enfeitaria como um piercing o umbigo do mundo?
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